Mas afinal, não somos sempre diferença?

Em agosto de 2012, Silvana Drago ministrou a aula “Educar na Diversidade: Visão Geral das Especificidades” para o Programa de Formação Plural, realizado pelo Instituto Rodrigo Mendes, em parceria com o Instituto Camargo Corrêa. Seguem, abaixo, trechos dessa aula onde ela expõe sua visão sobre as diferenças.

Para falar de diversidade, eu proponho começar com uma questão: Mas afinal, não somos sempre diferença? O Brasil é um dos países que melhor representa a diversidade humana. Temos a influência de diferentes culturas, etnias, comportamentos, valores, alimentação. Ou seja, somos diversos por natureza.

Por que, então, as diferenças são desconsideradas na escola? Embora tenhamos essa demanda sobre a inclusão – sobre o atendimento de todas as crianças – a escola ainda funciona com o pensamento, um cotidiano e uma forma de organização que se estabelece dentro de um esquema de classificação. Ela trabalha com as semelhanças. A criança sempre deve se submeter às tarefas e recursos comuns. As habilidades e competências são comparadas e o ensino parece ser elaborado de igual forma para todos.

E como lidamos hoje com as diferenças? Ao buscar em um dicionário, a palavra tem a ver com divergir, opor, fazer obstáculo, contrariar, afastar, agir contra. Parece ameaçador. Algo que não se encaixa. Trazem um sentimento negativo sobre a diferença.

É importante refletirmos então sobre o que significa semelhança e diferença, na escola. Como nos relacionamos com a diferença? Ora aceitamos a diferença, ora a negamos, ora a ignoramos. Ou, algumas vezes, tentamos excluí-las. E como pensarmos numa escola para todos se essa escola ainda está pautada por um modo de pensar calcado nas semelhanças?

O não-reconhecimento da diversidade como recurso existente na escola acaba levando à rotulação, à discriminação e à exclusão do estudante e isso contribui para aprofundar as desigualdades educacionais, ao invés de combatê-las. Antes de rotular uma criança, um professor deveria pensar no que ele espera que essa criança aprenda. Em suas expectativas em relação a essa criança.

A educação inclusiva constitui uma proposta educacional que reconhece e garante o direito de todos os alunos de compartilhar um mesmo espaço escolar, sem discriminações de qualquer natureza. Tornar a escola um ambiente para todas as crianças significa respeitar. A convivência das diferenças na escola constitui-se no respeito às diferenças individuais. Isso garante o ensino na diversidade. Não podemos ensinar a todos como se fossem apenas um.


Silvana Lucena dos Santos Drago é Assessora Técnica da Diretoria de Orientação Técnico Educacional (DOT-EE) da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (SP).

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