Relatos iniciais do DIVERSA

Em 2009 comecei a trabalhar na Secretaria Municipal de Educação na função de Orientadora de Educação Especial. Era a primeira vez que a secretaria tinha alguém com a função de atender os alunos com deficiência na rede municipal. Uma das primeiras ações foi fazer um levantamento dos tipos de deficiência existentes em cada escola de ensino infantil e fundamental, bem como as creches. Para minha surpresa, encontrei alunos que nunca haviam frequentado primeiro o Centro Municipal de Atendimento Especializado – CEMAE do município (pois isso era comum) e, no entanto estavam lá na escola sendo que uma grande parte não tinha um diagnóstico fechado. Foi então proposto aos professores, coordenadores e diretores de creches um encontro para que pudéssemos estudar sobre cada deficiência que existia em seus espaços escolares. Isso possibilitou que conhecessem os desafios enfrentados e os avanços que cada aluno, mesmo com deficiência, poderia ter. A partir daí, começamos a fazer alguns encaminhamentos médicos necessários (psiquiatra, neurologista, oftalmologista, entre outros), atendimentos com outros profissionais das áreas de terapia ocupacional, psicologia e fisioterapia existentes no município para que esses alunos tivessem um melhor desempenho. Além disso, começamos a discutir sobre os alunos que cada uma possuía para traçarmos um plano de ação individual. Apesar de nunca discutirem sobre isso, a maioria dos professores já sabia o que iria trabalhar e mesmo a forma de trabalhar com cada um. A maior dificuldade encontrada nesse período foi com relação a avaliação dessas crianças, pois se discutia muito sobre as notas atribuídas a cada uma delas. Foram feitos ajustes nas escolas com relação a atendimentos feitos na Oficina do Saber (um projeto existente em cada unidade escolar para atender crianças com dificuldades de aprendizagem) que passaram a atender com maior ênfase os alunos com deficiência. Foram solicitadas para as escolas a Sala de Recurso Multifuncional. Como nosso município não apresenta estrutura nenhuma para pessoas com deficiência, propus ao Secretário de Obras uma relação de locais que existem no município e que poderiam ser feitos acessos para pessoas com deficiência como rampas nas calçadas, retirada de postes que localizam-se em frente a faixa de pedestres, sinalização para estacionamento de veículos de pessoas com deficiência, etc. Apesar dessa solicitação, nada foi feito em relação a isso. Desde o início do ano não estou mais nessa função, porém acredito que devemos começar por algum ponto, mas o mais importante é começar!! Não acredito em professores mal preparados, acredito em professores que querem fazer alguma coisa porém não sabem como. Não acredito em escola sem acessibilidade, acredito sim em uma escola acolhedora que aceita e trabalha com as diferenças Todos nós temos que tentar mudar essa realidade através do “pensamento inclusivo”!! Pensarmos em uma farmácia que inclua, em um supermercado que inclua, em um posto de saúde que inclua, em uma casa que inclua, enfim, em uma cidade que inclua… Ela não se faz somente na escola, mas pode começar por ela. A inclusão é de cada um de nós e para todos!!

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