Relatos iniciais do DIVERSA

LIBRAS E ALFABETIZAÇÃO: CAMINHOS QUE SE CRUZAM

Ingressou na Ed. Infantil, um aluno com deficiência auditiva, adquirida em função de uma Meningite. A Secretaria de Educação, no entanto, achou que este aluno deveria estudar na escola de Surdos da cidade e, no meio do ano, foi transferido. Devido às condições da família e a distância da escola de Surdos, a família resolveu buscar seus direitos e o trouxe de volta para a nossa escola. A SMED contratou um estagiário que pudesse acompanhá-lo na escola em Libras.

Sabendo que receberia este aluno em 2011, no primeiro ano do I ciclo, busquei um Curso de Libras para que pudesse ajudá-lo nas aprendizagens e aquisição da Língua de Sinais.

O ano de 2011 iniciou e pude perceber que havia o desejo deles em se comunicar e se fazer entender, bem como a diversão que esta nova linguagem proporcionava ao grupo. Iniciamos uma proposta de alfabetização perpassando pela Língua de Sinais, criando mecanismos para incluir o estudante com deficiência e ao mesmo tempo,fazendo uso deste outro recurso para avançar nos processos de construção da escrita e números dos alunos ouvintes.

O trabalho foi pautado na rede de significados que damos a oralidade como forma de comunicação, porém inserindo outra forma de expressão, não só ecoando sons e pronúncias, mas significando com sentimentos e movimentos o cotidiano da sala de aula.

A turma é do 1º ano do I ciclo e possui dezenove alunos, com idade entre seis e oito anos. O trabalho foi desenvolvido através de jogos e brincadeiras, com muitas histórias que abarcassem conceitos como amizade, cooperação e respeito. Junto a isso foram desenvolvidos conteúdos como alfabeto, números, palavras, cores, nomes de materiais escolares e família. Também foram trabalhadas palavras necessárias ao cotidiano escolar, como por favor, com licença e desculpe. Todos esses conteúdos foram desenvolvidos com uso de Libras.

Os alunos incluíram no seu cotidiano escolar o uso de Libras como um recurso que auxilia nos momentos de escrita, leitura e numeralização, bem como na compreensão dos conteúdos trabalhados, fazendo desta a segunda língua na sala de aula. Estes mecanismos deixam claro que houve aquisição de um conhecimento que vai além da alfabetização; que esta turma está rompendo barreiras e criando possibilidades.

Participante do Prêmio Educador Nota 10 da Fundação Victor Civita – 2012

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